sexta-feira, 26 de junho de 2009

Contos pecaminosos

AVAREZA

Escreveu um livro - caixa.
Plantou uma árvore - bonsai.
Teve um filho - da puta.

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LUXÚRIA

Ele, Virgem.
Ela, de Lua, sumiu um dia, como Plutão.
Encantou-se pelos anéis, de Saturno.

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PREGUIÇA

Era um insatisfeito passivo.
Mulher, filhos, colegas, vizinhos - se não desse tanto trabalho, mataria-os todos.
Matou-se.

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IRA

O chefe e a cliente escaparam por pouco.
Descontrolado, pôs fogo na mesa, arquivos, tapetes e cortinas.
Pirou.
Em sentido literal.

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GULA

Voraz, engolia tudo que via pela frente.
Um dia, devorou um sonho.
Passou a vomitar des-ilusões.

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SOBERBA

Era tão senhor de si, que evitava barbear-se em frente ao espelho.
Do lado de lá, vivia alguém que se achava tão sensacional quanto ele.

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INVEJA

O carrapato se indignou contra a própria sorte.
Tanto bicho melhor e ele ali, se alimentando das escórias alheias.
Se ele fosse resistente como um rinoceronte... aquela carapaça...
Deus adaptou o desejo à mediocridade do pediente: transformou-o numa barata.

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2 comentários:

Aroeira disse...

gula é sensacional!
PA RA BÉNS!

eu curto sua curta poesia.

líria porto disse...

a tua escrita é como uma tacada de golfe - precisa e chiquérrima!!!