quinta-feira, 17 de março de 2011

De amores e amoras



( tem dia que sim, tem dia que não)


Amor é bom para o coração. Chá de folha de amora também.
Amor não cabe no bolso. Amora até cabe, mas mancha.
Um dá água na boca. O outro deságua.
Ela atrai passarinho, ele abstrai
E há dias de cultivar amores e dias de colher amoras.

Em dia de amoras, a gente fica carregadinho no pé, na expectativa, pronto pra coisas grandes e pequeninas.
Nos dias de amores, a gente quer colher fruta no pé e comer ali mesmo, agachado na sombra da árvore, cansado de ir e vir na busca das coisas que aquietam o espírito.

Nos dias do amor, a gente deixa o espírito rubro de sangue.
Nos dias de amora a gente amarela, e desce escuro, azedinho.

Nos dias de amoras, a gente lambe os dedos, boca e dentes rubros.
Nos dias de amores, alegria lambe o olhar e o mundo é que parece colorido.

Em dias de amora, a gente abunda, silvestre, em terrenos férteis ou baldios, sem carências.
Para florar e frutificar em dias de amor, carece terreno fértil, muita rega, arte e ternura de mãos jardineiras.


Há os dias de amores, masculinos, idealizadores, confiantes, decisivos.
Dias de amoras são femininos, receptivos, espontâneos, flexíveis.

O segredo é se abrir aos sentimentos e (tentar) seguir o destino...
Porque tem dia que sim. E tem dia que não.

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Um comentário:

Júlia Zuza disse...

Muito bom, Maria! Adoro suas brincadeiras, sonoridades e leveza. E por ora, amora.