terça-feira, 27 de setembro de 2011

Anatomia da rosa *





Ninguém nunca se esquece da maior, rosa da rosa

Todavia permanece a cegueira hereditária.
Ainda há muita ferida de profundidade cálida
Que, por não ser de repente, vista é como irrisória.

Há.

Pensem nas crianças que morrem antes dos cinco anos por fome no Jequitinhonha
(mudas telepáticas)
Pensem nas meninas vendidas no Iraque todos os dias
(cegas inexatas)
pensem nas mulheres prostituídas em Cuba
(rotas alteradas)
E 376 mil crianças que morrem anualmente na Etiópia.
E 376 mil crianças que morrem anualmente na Etiópia.
E 376 mil crianças que morrem anualmente na Etiópia.

O espinho prevalece sobre a desnutrida esquálida.
É a rosa permanente, só que agora mais murchada.
Não menos estúpida, não menos inválida.

Sem cor, perfume, imprensa
Sem ideia, música, ciência.
Sem vez. Sem voz. Sem nada.


* A quatro mãos - Aléxia Alvim e Maria Paula Alvim

Um comentário:

Adriana Riess Karnal disse...

adoro essa música...gostei da releitura