domingo, 5 de dezembro de 2010

De poeta e de louco


Metade de mim é alguém
Que pesa, apreça, pondera
Outra metade é ninguém
Leve, sem pressa, pudera

Parte de mim é esteta
A la Ferreira Gullar
A outra, vida concreta
Urge que eu vá trabalhar

De perto, a parte ternura
Crê, treme, sonha, reluta
Ao longe, o lado bravura
Não teme, assanha, disputa

Dentro de mim vive um ente
Que fala e sabe de Tudo
O seu vizinho, demente
Nada: surdo, cego, mudo

Minha porção bissetriz
Reparte a arte, esquarteja
Faz sua parte, a infeliz
Descarta a alma, esbraveja

A face poeta projeta
Panfleta sua arte bruta
A parte asceta é profeta
Aparte: sou anjo biruta.

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3 comentários:

Solange Maia disse...

que bom que suas metades nos conjugam palavras tão lindas...

beijo !

Cynthia Osório disse...

dupla-face-única!!
Lindo, lindo! bjos!

Guto disse...

Cada estrofe um poema. E todos belíssimos.