sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O preço da Fama





Um dia abandono a luta
Vou-me embora lá pra Fama
Eu que não sou paralama
Cansei  de tanta disputa
Basta  de ser pedra bruta
Ali paz tem sobrenome
Só planta o que se consome
Não há dor,  usura ou fome
E boa fama granjeia
Quem diz bem da vida alheia

Em Fama não há doença
Lá, companhia tem gosto
Todo sujeito é composto
Não há crime ou desavença
Só se diz o que se pensa
Nada é pouco ou demais
Fama, em Minas Gerais
Lá pras bandas de Alfenas
Três mil cidadãos apenas
Será meu porto, meu cais

Em Fama escrevo certo
Nada tem preço ou tem pressa
Cumpre-se toda promessa
Leio de longe e de perto
Todo homem é ser liberto
Lá sou índio sem cacique
Quem fala manso é chique
Posso tudo quanto quero
Desconheço o verbo espero
Todo o povo é bolchevique

Amor será  meu passaporte
Largo de ser bandeirante
Ou caixeiro viajante
Bye, Paris_cida  do Norte
Em Fama vou ter mais sorte
Vou ser amigo do rei
Fazer coisas que eu nem sei
Minha vida, quem diria
Será música e poesia
A alegria será lei

Não é que eu seja de drama
Chega  de ser andarilho
Papagaio come milho
Periquito leva  fama
Só quero armar minha cama
Viver o sonho do justo
Farto estou de guerra e susto
Fama será meu quartel
Meu fuzil: lápis, papel
E a ternura, meu farnel

Lá serei aviador
Lanço-me alto no espaço
Abarco o mundo no abraço
Livro-me de toda dor
Lá não tem estuprador
Não há médico, remédio
Dislexia nem tédio
Lá todo mundo é canhoto
Não há lugar pro escroto
Nem há sequer intermédio

A amada no meu gibão
Há de ser de uma milícia
Não sou cabra de malícia
Mas disso eu não abro mão:
Definir sofreguidão
Distância quero dos Pinto
Ouço, falo, penso, sinto
Sou homem, honro meu sexo
Quero côncavo com convexo
Minotauro e labirinto

Mesmo quem não quer fama
Em Fama será bem vindo
Lá, onde o tempo é infindo
Morre o homem, fica Fama
Levo pra lá quem me ama
Meus pais, meus filhos talvez
E ela, madame em francês
Ah, como eu serei feliz
Ora  ângulo,bissetriz
Te direi : Era uma vez...

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