terça-feira, 21 de setembro de 2010

Por força da natureza

 "Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
depende de quando e como você me vê passar."
( Clarice Lispector)


"de onde nem tempo e nem espaço, que a força mãe dê coragem
pra gente te dar carinho, durante toda a viagem
que realizas do nada,através do qual carregas
o nome da tua carne : Terra" (Caetano Veloso)






VELHA SENHORA

Já foi fogo puro. Esfriou, devagar.
Das profundezas emergiu, oceânica.
Blocos, fundidos, com o tempo se individualizaram.
Hoje são cinco, contin(g)entes.
O por_vir, só Deus sabe.

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TREMORES


Apesar da aparência sólida, sua crosta é toda recortada.
Instável como placa tectônica.
Por isso ela treme. De gozo e dor.


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MOINHOS DE VENTO

Seu sopro às vezes é leve como a brisa de Clarice.
Em outras, Hilda é furacão: carrega o que encontra pela frente.
Eólica. Turbinada.

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QUANDO ELA COSPE FOGO

Plácida superfície, interior em contínua ebulição.
Quando não se aguenta mais, dá vazão - lavas ígneas, pétreas.
Depois tudo volta ao que era antes.

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ENERGIA PURA

O belo halo luminoso pode se transformar em espetáculo de violentas descargas elétricas.
Mortais em fração de segundo.


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3 comentários:

Carla Farinazzi disse...

Maria Paula, "Velha Senhora", "Tremores", "Moinhos de Vento", "Quando ela cospe fogo", "Energia pura"... Me lembram muitas amigas queridas, inclusive eu mesma ("Apesar da aparência sólida, sua crosta é toda recortada"; "Plácida superfície, interior em contínua ebulição"). Parecemos fenômenos da natureza. Ou somos...
Um beijo

Carla Farinazzi

Lê Fernands disse...

O porvir a Deus pertence mesmo... Isso é mais que certo!

Bjs pra ti, Maria

José Carlos Brandão disse...

Belos poemas, Carla. Uma descarga elétrica - a iluminar, a terrificar.
Beijos.