domingo, 31 de julho de 2011

tempo contado


The persistence of memory ; Salvador Dali, 1931


tardes quentes de verão
percebo que tenho sombra
chovo forte, à exaustão
enfrento o escuro que assombra
.
nas noites frias do outono
conheço a lição do nada
o que não posso, abandono
renúncia faz-se calada
.
em madrugadas de inverno
volto pra dentro de mim
acolho-me, ser eterno
regresso pra de onde vim
.
das manhãs de primavera,
aprendo a confiar silente
degusto o sabor da espera
tempo é produto da mente
.
observo, por onde vou
peças de um elo perdido
cumpre-se aquilo que sou
nada mais me é pedido
.

Um comentário:

Rômulo disse...

Leio, reverencio e em silêncio calo. Com meu relógio sem Sol e minha ampulheta vazia.
Nada a dizer, pois quem inventou o tempo impôs a rotina das horas .
Só Salvador Dali tentou recolher-se na persistência da memória, enquanto Maria Paula descreve e degusta o sabor dos dias.
Poetica-mente.
Parabéns e muitos Tic-tacs procê !
Rômulo