quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mulheres tônicas

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CÂNDIDA, A MÉDICA

Era a tímida típica, estrábica, pálida e asmática. Espírito ético, pródigo.
Engolia críticas pétricas. Máscara pacífica.
Apesar da sólida clínica, lágrimas a faziam líquida. Náufraga sem fôlego.
Morreu de cálculo nefrético crônico.
Trágica estatística, a propósito.

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ÂNGELA, A MÍSTICA

Nasceu católica, cresceu evangélica. Tornou-se esotérica, taróloga e astróloga.
Numeróloga, confundia-se nos dígitos, nada econômica em dívidas e dúvidas.
A análise de arquétipos e horóscopo custava uma fábula - cédula sobre cédula.
Num dia úmido e fatídico, caiu-lhe um satélite no fígado.
Simbólico e meteórico término para uma vida caótica.

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EURÍDICE, A MÍTICA

Beleza helênica, âmago hermético.
Métodos esdrúxulos: para escapar do lúgubre ômega mitológico, namorou homens com H maiúsculo: Hércules, Hipólito, Hermócares...
Casou-se com Ícaro. Eurídice e cônjuge sobrevoaram, como pássaros, o Etna.
Vôo panorâmico.
Túmulo vulcânico.

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FÁTIMA, A MÚLTIPLA

Ótima em Física, Química e Matemática, Fátima era pouco prática.
Optou por Gramática, Semântica, Linguística, sem êxito: péssima retórica.
Estudou Música: voz inelástica e cântico tétrico.
Tráfego célere: um ônibus elétrico atropelou-lhe a sina ilógica.

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BÁRBARA, A ÚLTIMA

Romântica e utópica, Bárbara era um fenômeno trágico-cômico, de ímpetos cíclicos, cáusticos e histéricos. Os músculos, flácidos.
A vida passara qual relâmpago, sem Príncipe para preencher seus côncavos. Haja ginástica!
Átila, o personal trainer, era único: rústico, másculo, carnívoro.
A jovem máquina tântrica ressuscitou em Bárbara colágeno e espírito.
Mágica clássica. Melhor que plástica.

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9 comentários:

Batom e poesias disse...

Menina! Onde estavas escondida?
Que maravilha de blog. Não consegui parar de ler.
Adorei tudo e especialmete as mulheres, descritas de forma única.
Estarei te seguindo.

Bjs
Rossana

Úrsula Avner disse...

Oi Maria Paula, muito criativos os textos que falam de suas mulheres tônicas. MUITO BOM ! Bj e obrigada por seu carinho.

Hercília Fernandes disse...

Maria Paula,

amei as suas mulheres tônicas. Creio que todas nós temos um pouco [ou muito] de tonicidade. Muito bom!

Obrigada pela visita, também estarei acompanhando as suas belas escritas.

Beijos :)
H.F.

Adriana Godoy disse...

Ei, me lembrei de uma música que começava assim: "Amei Angélica,mulher anêmica, de gestos tímidos..." Também gostei de suas mulheres tônicas...ou propararoxítonas. Abraço.

Mara faturi disse...

Então...mais pessoas te descobrindo...e que alegria e que encantamento mulher "atÔmica". Penso que seu blog poderia ser: Visceral-mente ( e literal-mente) ou vice-versa...Vc é boa pa....cas...
grande bjo!

Adriana Riess Karnal disse...

Tuas proparoxítonas estão ótimas, muito bem humoradoas...

nina rizzi disse...

como sempre, brilhante maria paula :) elas se completam e são cada pedacinho de nóes mulheres.
hoje sou bárbara.

beijo :)

nydia bonetti disse...

genial, maria paula. tua prosa é rara. tua poética também. :) beijo

Anônimo disse...

Maria Paula, adorei. Fiquei com dó da Fátima, que apesar do dom da matemática enrolou-se na temática. Acabou na energia eletrostática da temível elétrica máquina.
É muito bom ler o que você escreve, do jeito que você escreve. Beijos, com carinho. Manoel.