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Metade de mim é alguém
Que pesa, apreça, pondera
Outra metade é ninguém
Leve, sem pressa, pudera!
Parte de mim é esteta
A la Ferreira Gullar
A outra, vida concreta
Urge que eu vá trabalhar
De perto, a parte ternura
Crê, treme, sonha, reluta
Ao longe, o lado bravura
Não teme, assanha, disputa
Dentro de mim vive um ente
Que fala e sabe de Tudo
O seu vizinho, demente
Nada, surdo, cego, mudo
Minha porção bissetriz
Reparte a arte, esquarteja
Faz sua parte, a infeliz
Descarta a alma, esbraveja.
A face poeta projeta
Panfleta sua arte bruta
A parte asceta é profeta
Aparte: sou anjo biruta.
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* Traduzir-se in Na vertigem do dia
5 comentários:
Que bom que voltou!
Abraços.
sempre com toque de humor, uma delícia de poema.
Muito bom isso!
Pela primeira vez acesso seu blog. Surpresa: nenhuma. Não poderia ser de outro modo, uma vez que tudo aquilo que você faz, além de inteligente, tende atingir a perfeição. Grande abraço.
Agora, que eu já sei fazer comentários (que cara chato, né não? Ficar falando isso toda vez??????), lá vai mais um: esses intertextos seus são maravilhosos. Muito bem articulados. Com a mesma, ou melhor, alma.
Márcio Ares.
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